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“A Vida em um Dia 2020”: a história por trás do filme

Descubra os bastidores de nossos dois filmes cápsula do tempo globais, com uma década de diferença

Um fotógrafo caminha por Cabul, no Afeganistão, em busca de uma boa imagem. Uma mulher tem um encontro virtual romântico com o marido, que está fora do país servindo o exército americano. Um rapaz chamado Sasha faz a barba pela primeira vez na vida. Três mulheres angolanas cantam enquanto preparam farinha de milho.

Esses três momentos, aparentemente desconexos, foram todos registrados no mesmo dia do mês de julho de 2010. “A Vida em um Dia” é resultado do percurso entre a ideia inicial apresentada por um Googler e a convocação que levou 80 mil pessoas de todo o mundo a enviarem vídeos registrando um dia no seu cotidiano. O maior filme coletivo da história, dirigido por Kevin Macdonald e com Ridley Scott na produção executiva, estreou no Festival de Sundance. Até hoje, “A Vida em um Dia” já teve mais de 17 milhões de visualizações no YouTube.

Agora, uma década depois da primeira versão, a mesma equipe decidiu criar uma nova cápsula global do tempo. Desta vez eles contaram com o pessoal do YouTube Originals e receberam cerca de 324 mil vídeos que documentam um dos anos mais excepcionais da história recente. (Estamos falando de 2020, é claro.)

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Batemos um papo com Sara Pollack, Diretora de Marketing do YouTube, e o produtor Jack Arbuthnott, para refletir sobre o processo que levou aos dois filmes.

Jack: Vamos começar do começo. Sara, como surgiu esse projeto?

Sara: Em 2009, Tim Partridge, que na época era um Googler, teve a ideia de fazer um documentário mundial, feito com contribuições de pessoas de todo o planeta. A princípio a ideia foi batizada de “Um Dia na Vida do Mundo”. Pouco depois, Tim veio trabalhar na minha equipe. Criamos um pequeno grupo e estabelecemos uma parceria com a produtora Scott Free Films, de Londres, para transformar a ideia em realidade.

Jack: E foi aí que eu entrei em cena! A ideia trazida pelo Tim, de colocar uma lente em todo o mundo num único dia, era excelente. Só que a gente não sabia se seria possível, do ponto de vista técnico ou criativo, fazer um filme maravilhoso e coeso a partir de milhares de clipes dispersos feitos em aparelhos com diferentes qualidades e sem uma narrativa única como guia. O projeto precisava de uma visão singular, da capacidade de sintetizar a realidade num formato cinematográfico. E por isso logo decidimos falar com Kevin Macdonald. 

Sara: Na época o YouTube existia há apenas cinco anos, e ainda estávamos ultrapassando o obstáculo de ser vistos como uma plataforma para vídeos de cachorros andando de skate ou filmes caseiros bobos. Para nós, o projeto foi uma grande oportunidade de mostrar que o YouTube poderia ser usado para narrativas criativas, unindo todo o planeta nessa empreitada. O fato de que o filme foi criado junto com Ridley Scott e Kevin Macdonald, e de termos estreado no Festival de Sundance, foi uma tremenda novidade.

Jack: Na época foi tudo muito radical. E foi importante também que todas as pessoas que fizeram parte do filme pudessem fazer parte da primeira experiência. Quando o filme de 2010 estreou em Sundance, o pessoal decidiu arriscar e permitiu que a gente transmitisse o evento ao vivo, diretamente de Park City, no estado de Utah, para que qualquer pessoa do mundo pudesse assistir à première.

Sara: É até meio irônico, neste momento em que a maioria das experiências de entretenimento acontece virtualmente, ver a estreia do filme de 2020 ser realizada em uma versão totalmente virtual do Festival de Sundance. Jack, pensando na produção, quais foram as principais diferenças entre a primeira e a segunda versão?

Jack: As mudanças num intervalo de apenas dez anos são impressionantes. A própria indústria do cinema se transformou completamente, e hoje em dia quase todo mundo assiste filmes por streaming. Mas também a forma de fazer o filme foi bem diferente desta vez. Em 2010, obter os clipes coletivos, rever, marcar e editar 80 mil vídeos foi um pesadelo. Passados dez anos, recebemos quatro vezes mais clipes e trabalhamos de maneira remota, com um número bem maior de formatos de arquivos. Mesmo assim, conseguimos enfrentar todos os problemas e criar um sistema de trabalho muito mais tranquilo. Confiamos totalmente no serviço do Google Cloud, pois percebemos que ele poderia ajudar muito – e ganhar uma escala maravilhosa! Usamos o aprendizado de máquina para categorizar e marcar os vídeos recebidos, e também para tradução. Tudo ficou armazenado na nuvem. Com isso, os editores podiam pesquisar qualquer coisa e encontrar em segundos.

Sara: Alô alô pessoal do Google Cloud: muito obrigada pelo apoio!

Jack: Verdade! Foi realmente decisivo. Para criar a trilha sonora a gente também usou a tecnologia do Google. Em 2010, um dos compositores, Matthew Herbert, pediu que todas as pessoas mandassem também a gravação do som de uma respiração e de uma palma. Desta vez Matthew usou a inteligência artificial do Google para analisar todos os arquivos recebidos – e alguns elementos que aparecem na trilha vêm de absolutamente todos os vídeos enviados. Ele também extraiu mais de 26 mil latidos de cachorro diferentes para criar uma espécie de piano de latidos – entre outras coisas bem estranhas.

Sara: Isso é demais. Foi muito legal reunir todo mundo de novo para mais um projeto. Kevin, Ridley, Sundance e até Tim Partridge, todos estavam de volta (embora desta vez Tim tenha entrado como produtor, agora já dono da própria agência). Desta vez também pudemos usar mais conhecimentos especializados nossos, já que o filme de 2020 é uma produção oficial do YouTube Originals – que nem existia na época da primeira versão. O novo filme se beneficiou do olhar renovador de Susanne Daniels (Diretora Global de Conteúdo Original), Alex Piper (Diretor de Conteúdos sem Roteiro) e de toda a equipe do YouTube Originals, sob a liderança de Nicole Emanuele, executiva de desenvolvimento.

Jack: E muitas pessoas enviaram vídeos para as duas versões! Foi tão bacana receber de volta alguns participantes de 2010 e mostrar o salto de dez anos no tempo. Tanto que a gente decidiu criar uma parte adicional só para essa turma.

Sara: Verdade! Quem assina o YouTube Premium tem acesso a conteúdo extra, incluindo a parte “Ontem e Hoje” que mostra participantes da versão original de 2010 e sua vida em 2020. O conteúdo premium tem também algumas cenas que acabaram não entrando na edição final do segundo “A Vida em um Dia”, mas mesmo assim são muito boas.

Sara: A gente se sente ligado às pessoas que contribuíram com vídeos para o filme. É fácil se apegar a elas, e por isso foi ótimo ter participantes de 2010 de volta em 2020. Aquele menininho japonês, Taiji Aikawa, hoje está crescido. Há também momentos tristes: no filme de 2020, Suzanne Lucas conta que seu filho Alex – que vimos no primeiro filme – faleceu de COVID em fevereiro do ano passado, com apenas 23 anos de idade. O filme de 2020 é dedicado a ele.

Jack: Este ano o filme sem dúvida tem um tom diferente e abrange uma ampla gama de emoções. Muita coisa aconteceu no mundo na última década, sobretudo ao longo do ano passado. Foi realmente a hora certa de revisitar o projeto e convidar as pessoas para compartilharem suas histórias. Vamos fazer de novo daqui a 10 anos!